Adhemar Ferreira da Silva nasce na década de 1920, no bairro da Casa Verde, em São Paulo. A mãe era lavadeira, cozinheira e costureira. O pai era trabalhador da ferrovia. O sonho de Adhemar era ser cantor, mas viver da música era uma carreira muito instável para quem precisava colocar comida na mesa. Arrumou um emprego na prefeitura de São Paulo e aos 19 anos foi apresentado ao atletismo. Tentou algumas modalidades e foi no salto tripo que ele se destacou. Com pouquíssimo tempo de treino ele já tinha o índice para participar dos jogos olímpicos. Ao ser informado que ele poderia ir, Adhemar chega a duvidar, pois não tinha dinheiro nem para ir ao Rio de Janeiro, imagina para ir a outro país. Participou de 4 olimpíadas e foi medalha de ouro no salto triplo e recordista mundial da modalidade em duas delas: Helsinque (1952) e Melbourne (1956). Em Helsinque , após sua prova, o povo que estava no estádio pediu que ele desse uma volta, após a premiação. Nascia ali a volta olímpica, visto que não era tradição até aquele momento. Foi campeão de inúmeras outras competições dentro e fora do Brasil e reconhecido mundialmente como uma lenda do esporte. Fora das pistas, Adhemar foi um "menino prodígio", se formou em Artes, Educação Física, Direito e Relações Internacionais, além de falar sete idiomais (inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, português um pouco de finlandês). Toda essa trajetória o transformou em Adido Cultural do Brasil na Nigéria, cargo que ocupou após se aposentar da carreira como atleta. Um menino pobre, que nasceu numa rua esburacada da Casa Verde e que sonhava em viver da música, se tornou campeão dentro e fora das pistas. Gratidão, Adhemar, por todo o legado que deixaste as novas gerações do esporte. Obrigada por nos ensinar que ruas esburacadas, treino e estudo podem ser o caminho que nos leva para lugares inimagináveis.
Boas, felizes, lindas e respeitosas corridas!
